EUROPA
Hoje celebra-se o dia da Europa. Escuso-me às retrospectivas históricas ou políticas. Da Europa podem ser ditas duas coisas: 1) Fujam enquanto é tempo; 2) Ela vai-vos comer o coração.
Fujam enquanto é tempo: a Europa é um pântano povoado de crianças caprichosas. Os europeus gostam de objectos, vivem obcecados pelos seus brinquedos. Numa das últimas incursões sobre o perene tema da identidade europeia, Steiner propõe que os cafés são constitutivos da especificidade europeia. Steiner refere-se, obviamente, aos cafés de Praga, Viena, Budapeste e Paris dos princípios do século passado. Hoje em dia, nos cafés, fala-se de torradeiras, solários, férias no Brasil ou em Maiorca, dos porches, dos alfa romeus, dos toyotas, das casas e dos corredores, dos biblôs e do ar condicionado . São os europeus e os seus brinquedos. As pequenas esferas privadas das crianças caprichosas.
Ela vai-vos comer o coração: neste pântano nem todos os seres que por lá coabitam partilham a mesma camada de lodo. Uns há que andam à superfície do pântano – mais conhecidos por alfaiates- e outros que se arrastam nas camadas profundas onde se acumulam detritos de todas as espécies. Esta Europa possui uma elite que se assume enquanto aristocrática; que replica os padrões e a jactância das cortes de antanho. Esta Europa originou uma elite que nos governa onde figuram pessoas como Berlusconi, Pym Fortuim (governava), Sarkozy, Merkel e um cortejo de sinistras personalidades que paulatinamente têm vindo a ocupar os governos dos novos Estados Membros. Já imaginaram que se ela fosse de facto uma federação teríamos um assustador colégio de fascistas a governarem-nos? Uma elite de tal forma conservadora e autocrática que faria os neocons do Bush parecer as brigadas vermelhas. Pois é, ingénuos, mas eles já cá estão e vêm para vos arrancar o coração.
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