Monday, October 08, 2007

Innuendo

Detalhes elaborados de um tempo em Zoom. A cultura, essa aventura da compreensão extremada, está refém do conservadorismo. Sentenciação banal. Na revista Obscena a quem o nome se ajusta para além do epidérmico, dedica-se um número à cultura na Europa. Duas grandes entrevistas, uma a Durão Barroso, outra a Vasco Graça Moura, cobrem o espectro das ideias neste domínio, cobrindo igualmente metade das páginas da revista. Esta tentação concentracionário do português é o que não nos permite respirar, é o que cria o verdete em torno das juntas – metáfora mecânica que é intemporal, pese embora a lembrança de uma época mais dilatada – de um mecanismo que se pretende em permanente lubrificação. Como uma vagina (que disparate!). E esta paisagem suburbana em que nos enterraram; este ermo de insolações; este formato acorrentado; é este plano inclinado onde se reprime, ou se reduz, ou se compromete, ou se desautoriza, ou mesmo, chegando a destruir-se, o mundo. Alguém disse no outro dia: em Portugal não se presta atenção ao mundo; tudo o que acontece, tem de acontecer no interior do jardim virginal que é Portugal. Camões deixou o mote, e daqui para a frente foi sempre a mesma glosa. Forma caritativa, forma introvertida. Então a cultura, mesmo a literária, organiza-se? Olá se se organiza! E mostra os seus batalhões, a sitiarem cidades e a condenar olimpicamente os demónios que se passeiam ao crepúsculo (o crepúsculo deles, bem ententido, porque o nosso, o das flores volantes e das asas distendidas em face do pelotão de fuzilamento, não tem remorsos). São pequenos estes tipos. Merecem desprezo, e mostram a sua real face no interior de pipas de vinho azedo.

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