Jesus, Maria e a puta
Quando a Sabrina apareceu com as suas tetas a desafiar a gravidade e o seu miado de gata com cio a dizer que queria ser Maria Madalena, todos –julgo- suspeitámos de imediato que seria a puta. Se Sabrina aparecesse novamente a guinchar que queria ser a Maria Madalena, as suas tetas transbordantes só poderiam ser reconhecidas como um objecto estranho, em conflito irremediável com o zeitgeist. Perguntar-nos-íamos: mas porque razão tem a discípula de Jesus, a sua preferida, a primeira a quem foi dado o privilégio epifânico de lhe falar post mortem, umas tetas que desafiam a teoria gravitacional assim como veio ao mundo através de uma maçã que caiu na cabeça de Newton enquanto este ferrava o galho? No Alentejo teria sido debaixo de um chaparro ou de uma oliveira onde a única coisa que de lá cai é a azeitona e portanto as tetas da Sabrina nunca poderiam entrar aqui como referência, nem sequer metafórica. Que as tetas da Sabrina invocassem pecado carnal e que este esteja indissociavelmente ligado a uma maçã, que não a de Newton, é coisa que para nós, jovens educados no Génesis e nas delícias do paraíso, nos surge como imediata. Mas, fazendo um esforço de ubiquidade cósmica é igualmente difícil deixar escapar a ligação quase que esotérica existente entre as mamas da Sabrina, que desafiavam a gravidade, o pecado, e a maçã de Newton. E se, a esta intricada teia de conexões simbólicas, acrescentarmos que Newton era um apaixonado pelo esoterismo e filiado nesse movimento subterrâneo denominado de os rosacrucianos, então entre a maçã do pecado, a teoria gravitacional, a Madalena e as mamas da Sabrina que queria ser Maria, só pode existir um contínuo transhistórico apenas acessível pela leitura aturada dos evangelhos apócrifos. Daí que, voltando ao tema de entrada deste texto que mais não procura do que ser um breve –enquanto ilustrado- contributo para a descodificação da verdade sobre Jesus, se a dotada cantora quisesse invocar novamente o tema, teria que estar vestida a preceito ou então cantar no seu chilreado que na verdade queria ser Maria de Bethânia - a pecadora- e não Madalena – a discípula.
Demorámos algum tempo a descobrir que o jovem de cabelos ruivos sentado ao lado direito de Jesus (João) não era exactamente representativo do estilo amaricado dos apóstolos, que tinham descoberto uma nova solução para o cabelo quando caminhavam com o mestre por cima das águas do mar morto (falta de sal, diria mais tarde Judas enquanto cochichava com o Sr.), mas sim uma jovem de rubros cabelos e nacarada pele que escondia o seu jardim das delícias por debaixo de farrapos galileicos. Não era preciso isto tudo: se repararmos bem, Bosch já tinha tido a mesma intuição. No seu jardim das delícias, quem se senta ao lado de um cristo bonómico e de brancura santificada é uma jovem de ruivos cabelos com umas mamocas despontantes e redondinhas que olha com ar virginal os estranhos animais que por lá passeavam. Mas há mais: se atentarmos na última ceia de Da Vinci, João, o apóstolo que parece a menina Eva que se encontra com Jesus no Jardim das delícias, está estranhamente reclinado sobre Judas, o traidor. Sabemos que Jesus diz que alguém o está para trair. Não é difícil verificar que Jesus se refere a Judas, apercebendo-se entretanto que ele está a empernar com João/Maria (daí se explicar o hermafroditismo da horrível aposição de João a Maria nas famílias bem) e que do outro lado Tomé vocifera –olha que esse gajo t’anda a pôr os cornos! E Jesus, que era ladino e desconcertante, diz a Judas: tomai este é o meu corpo! (Maria); tomai este é o meu sangue! (Maria menstruada). Já no Génesis nos é oferecida uma história de cornos. É claro que a Eva come a maçã enquanto o Adão se encontra ferrado assim como Newton estava a partir tijolo quando leva com a maçã e descobre a gravidade que mais tarde seria desafiada pelas mamas da Sabrina. É claro que a Eva que está ao lado de Jesus no quadro de Bosch não é mais do que a Maria que se encontra a empernar com Judas na última ceia; os cabelos ruivos não mentem. Donde, seja também aceitável que Jesus tenha dito que iria ser traído por Judas por causa de Maria/Eva/João e que no evangelho apócrifo do segundo se refira que foi o próprio Jesus que pediu a Judas que o traísse; não vem é referido que era com a Maria/Eva/João que ele o devia trair. E este é sem dúvida o supremo sacrifício.
Em resumo andámos estes séculos todos a inventar espiritualidade onde apenas se escondia uma história de dor de corno.
Epílogo: nos anos 70 assistimos à loucura pelos extraterrestres: as pirâmides eram criações de seres alienígenas e a sabedoria das tribos do Tibete possuía qualquer coisa que só poderia ter vindo de plutão, e por aí afora. Actualmente, é a vida dos apóstolos que nos consome os dias. Não deixa de ser curioso que com tanto livro sobre evangelhos apócrifos que os próprios não tenham sido ainda publicados e não estejam acessíveis ao público. Eu por mim gostava de os ler, embora fique triste por saber que a primeira que viu Jesus não tivesse sido a puta mas sim a discípula.
Quando a Sabrina apareceu com as suas tetas a desafiar a gravidade e o seu miado de gata com cio a dizer que queria ser Maria Madalena, todos –julgo- suspeitámos de imediato que seria a puta. Se Sabrina aparecesse novamente a guinchar que queria ser a Maria Madalena, as suas tetas transbordantes só poderiam ser reconhecidas como um objecto estranho, em conflito irremediável com o zeitgeist. Perguntar-nos-íamos: mas porque razão tem a discípula de Jesus, a sua preferida, a primeira a quem foi dado o privilégio epifânico de lhe falar post mortem, umas tetas que desafiam a teoria gravitacional assim como veio ao mundo através de uma maçã que caiu na cabeça de Newton enquanto este ferrava o galho? No Alentejo teria sido debaixo de um chaparro ou de uma oliveira onde a única coisa que de lá cai é a azeitona e portanto as tetas da Sabrina nunca poderiam entrar aqui como referência, nem sequer metafórica. Que as tetas da Sabrina invocassem pecado carnal e que este esteja indissociavelmente ligado a uma maçã, que não a de Newton, é coisa que para nós, jovens educados no Génesis e nas delícias do paraíso, nos surge como imediata. Mas, fazendo um esforço de ubiquidade cósmica é igualmente difícil deixar escapar a ligação quase que esotérica existente entre as mamas da Sabrina, que desafiavam a gravidade, o pecado, e a maçã de Newton. E se, a esta intricada teia de conexões simbólicas, acrescentarmos que Newton era um apaixonado pelo esoterismo e filiado nesse movimento subterrâneo denominado de os rosacrucianos, então entre a maçã do pecado, a teoria gravitacional, a Madalena e as mamas da Sabrina que queria ser Maria, só pode existir um contínuo transhistórico apenas acessível pela leitura aturada dos evangelhos apócrifos. Daí que, voltando ao tema de entrada deste texto que mais não procura do que ser um breve –enquanto ilustrado- contributo para a descodificação da verdade sobre Jesus, se a dotada cantora quisesse invocar novamente o tema, teria que estar vestida a preceito ou então cantar no seu chilreado que na verdade queria ser Maria de Bethânia - a pecadora- e não Madalena – a discípula.
Demorámos algum tempo a descobrir que o jovem de cabelos ruivos sentado ao lado direito de Jesus (João) não era exactamente representativo do estilo amaricado dos apóstolos, que tinham descoberto uma nova solução para o cabelo quando caminhavam com o mestre por cima das águas do mar morto (falta de sal, diria mais tarde Judas enquanto cochichava com o Sr.), mas sim uma jovem de rubros cabelos e nacarada pele que escondia o seu jardim das delícias por debaixo de farrapos galileicos. Não era preciso isto tudo: se repararmos bem, Bosch já tinha tido a mesma intuição. No seu jardim das delícias, quem se senta ao lado de um cristo bonómico e de brancura santificada é uma jovem de ruivos cabelos com umas mamocas despontantes e redondinhas que olha com ar virginal os estranhos animais que por lá passeavam. Mas há mais: se atentarmos na última ceia de Da Vinci, João, o apóstolo que parece a menina Eva que se encontra com Jesus no Jardim das delícias, está estranhamente reclinado sobre Judas, o traidor. Sabemos que Jesus diz que alguém o está para trair. Não é difícil verificar que Jesus se refere a Judas, apercebendo-se entretanto que ele está a empernar com João/Maria (daí se explicar o hermafroditismo da horrível aposição de João a Maria nas famílias bem) e que do outro lado Tomé vocifera –olha que esse gajo t’anda a pôr os cornos! E Jesus, que era ladino e desconcertante, diz a Judas: tomai este é o meu corpo! (Maria); tomai este é o meu sangue! (Maria menstruada). Já no Génesis nos é oferecida uma história de cornos. É claro que a Eva come a maçã enquanto o Adão se encontra ferrado assim como Newton estava a partir tijolo quando leva com a maçã e descobre a gravidade que mais tarde seria desafiada pelas mamas da Sabrina. É claro que a Eva que está ao lado de Jesus no quadro de Bosch não é mais do que a Maria que se encontra a empernar com Judas na última ceia; os cabelos ruivos não mentem. Donde, seja também aceitável que Jesus tenha dito que iria ser traído por Judas por causa de Maria/Eva/João e que no evangelho apócrifo do segundo se refira que foi o próprio Jesus que pediu a Judas que o traísse; não vem é referido que era com a Maria/Eva/João que ele o devia trair. E este é sem dúvida o supremo sacrifício.
Em resumo andámos estes séculos todos a inventar espiritualidade onde apenas se escondia uma história de dor de corno.
Epílogo: nos anos 70 assistimos à loucura pelos extraterrestres: as pirâmides eram criações de seres alienígenas e a sabedoria das tribos do Tibete possuía qualquer coisa que só poderia ter vindo de plutão, e por aí afora. Actualmente, é a vida dos apóstolos que nos consome os dias. Não deixa de ser curioso que com tanto livro sobre evangelhos apócrifos que os próprios não tenham sido ainda publicados e não estejam acessíveis ao público. Eu por mim gostava de os ler, embora fique triste por saber que a primeira que viu Jesus não tivesse sido a puta mas sim a discípula.
1 Comments:
ó nuno, era a Sandra que queria ser a Maria Madalena e não a Sabrina. São muitos centrímetros na horizontal de diferença.
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