Angelus Novus
Paul Klee - Angelus Novus
O círculo está fechado. Não eram os opostos que se completavam; não era a união última do nazismo com o comunismo que indicava a aproximação dos extremos. Não sei que nome lhe dar, mas terá mais a ver com a “realização da história” do que propriamente com diferenças ideológicas.
Sucede que a democracia, e aquilo que (des)apropriadamente se convencionou recentemente designar por teologia de mercado acabaram por cumprir a história com uma vingança. Imaginemos que a história se cumpre – coisa que é de rejeitar logo à partida. Mas imaginemos que sim, seguindo as pisadas de Fukuyama, esse grande hegeliano fin de siécle. O que diz a teologia de mercado? Que o mercado é uma condição histórica inexorável e, enquanto tal, nada é possível fazer para a contrariar. Que o sacrifício humano é aceitável quando serve para o progresso geral e que as leis do mercado não se compadecem com vítimas, exigindo antes para o seu bom funcionamento um exército de sacrificados voluntários. Fukuyama quando falava de democracia o que tinha realmente em mente era o mercado. E é justamente a justaposição entre história e mercado que Fukuyama enuncia. As leis do mercado são o equivalente das leis históricas; melhor, as leis do mercado cumprem as leis históricas, são uma sua imanência. Bill Gates não estava assim tão enganado quando afirmou que eles – os grandes grupos económicos – eram os verdadeiros comunistas do século XXI. Não pelo seu papel de distribuidores de riqueza e promotores da igualdade social; ao invés, o que se encontra subentendido nas palavras de Gates é que aquilo que “eles” fazem está de acordo com os desígnios da história. E identificar desígnios da história na acção humana constituía o âmago do comunismo soviético.
Sucede que a democracia, e aquilo que (des)apropriadamente se convencionou recentemente designar por teologia de mercado acabaram por cumprir a história com uma vingança. Imaginemos que a história se cumpre – coisa que é de rejeitar logo à partida. Mas imaginemos que sim, seguindo as pisadas de Fukuyama, esse grande hegeliano fin de siécle. O que diz a teologia de mercado? Que o mercado é uma condição histórica inexorável e, enquanto tal, nada é possível fazer para a contrariar. Que o sacrifício humano é aceitável quando serve para o progresso geral e que as leis do mercado não se compadecem com vítimas, exigindo antes para o seu bom funcionamento um exército de sacrificados voluntários. Fukuyama quando falava de democracia o que tinha realmente em mente era o mercado. E é justamente a justaposição entre história e mercado que Fukuyama enuncia. As leis do mercado são o equivalente das leis históricas; melhor, as leis do mercado cumprem as leis históricas, são uma sua imanência. Bill Gates não estava assim tão enganado quando afirmou que eles – os grandes grupos económicos – eram os verdadeiros comunistas do século XXI. Não pelo seu papel de distribuidores de riqueza e promotores da igualdade social; ao invés, o que se encontra subentendido nas palavras de Gates é que aquilo que “eles” fazem está de acordo com os desígnios da história. E identificar desígnios da história na acção humana constituía o âmago do comunismo soviético.
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