Thursday, June 07, 2007

Geração Inquinada



O inefável Lomba regressa – e devido a obrigações contratuais irá regressar mais vezes – à sua verborreia inconsequente. Desta vez enverga as roupagens da nação e do chauvinismo bolorento. A reverência aos símbolos! Á como era bela a vida da corte! Ouçamos compungida e reverentemente: A existência de uma cultura de celebração requer abertura à distinção e à solenidade, coisas que a nossa baixa educação cívica e histórica repele. No ensino ou fora, o português é treinado para desprezar símbolos, memórias, rituais, tudo o que no mundo real das sociedades e das pessoas há de mais emotivo e não racional.
Abertura à distinção e solenidade! Cada vogal, cada sílaba, deve ser pronunciada com a extrema comoção com que se degusta uma hóstia empurrada pela mão linfática do cardeal patriarca. Depois é inclemente: fomos treinados para desprezar símbolos, para cuspir na bandeira, para vilipendiar o quinto império. Oh gente de baixa extracção que nem os nobres e valentes guerreiros do ultramar veneram! E qual D. Sebastião, vem Lomba lembrar à nação que nunca é tarde para reaprendermos as nossas origens e a solenidade que elas nos exigem.
Mas esclareçam-nos, o Lomba não está a falar da nacionalidade nem da bandeira? Esclareço que nem estou a pensar nos símbolos nacionais, como o hino ou a bandeira. Esta mania de tresler os textos mais bem intencionados da nova geração da direita é estupidamente enervante e, ao limite, injusta. Então de que fala o Lomba?
Por exemplo, não somos capazes de ser justos com os ex-combatentes de África, não tratamos dos nossos monumentos, não respeitamos a
memória, não comemoramos: em quantas escolas, da primária à universidade, se celebra com dignidade o início do ano lectivo, a
atribuição de diplomas, os feitos dos melhores estudantes? Para que serve Portugal no fim de contas?
Monumentos, memória, abertura do ano lectivo com dignidade – à americana! Onde se celebra sistematicamente a nacionalidade e a bandeira! Confuse? A distinção está entre as mitologias políticas e os verdadeiros símbolos colectivos. Como se estes não fossem apropiados pelas mitologias políticas (seja lá elas quais forem) da esquerda e da direita! Por exemplo, o Lomba é da direita conservadora por isso apropria-se do bafio da nacionalidade e da bandeira; e com isso quer impô-lo como versão verdadeira dos símbolos colectivos.
Para que serve Portugal, pergunta-se Lomba ecoando a preocupação com uma “ideia de Portugal” profetizada por António Quadros? Bem, pelos vistos, glosando esse outro grande vulto da história portuguesa, serve para esta “cagamerdeira”.

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