Tunharias
A resposta de Tunhas ao burburinho em torno da desprezível caricatura do Che é aterradoramente estúpida. Ou melhor, toma os outros por estúpidos – forma néscia de se considerar muito esperto. Segundo Tunhas, na medida em que Che e Hitler partilham o desrespeito pela vida humana, um, o segundo, não constitui mais do que o prolongamento do outro. É basicamente o que se encontra subjacente ao argumento de Tunhas. Por isso não tem problema nenhum, porque eles são, como soi de dire, intermutáveis. Segundo esta escala de valoração, eu poderia considerar o Tunhas, julgando por aquilo que ele escreve, a meio caminho entre o Paulo Portas e o Salazar. Donde uma caricatura do Tunhas com um nariz adunco e a srª Maria ao lado, não seria apenas justa, mas fiel representação do que é, foi e será o Tunhas. Estou em querer que o Tunhas não ficaria muito contente e que eventualmente não se reveria nesta imagem (mas que sei eu?). Por que razão, perguntamo-nos? Afinal, esta parece ser a conclusão necessária do raciocínio de Tunhas. Outro exemplo seria pintar uns bigodes de Hitler na cara de Ratzinger. Ora como eu acho que quer o Papa quer Hitler têm um fundamental desrespeito pela vida humana – o Papa quando vai a África pregar contra o preservativo comete algo aproximado a um genocídio, mesmo que involuntariamente – admite-se a caricatura. Alvitro que o Tunhas não teria problemas em concordar com isso. Mas duvido. Porque afinal o que está aqui em causa é exactamente o que se entende por desrespeito pela vida humana – algo que o Tunhas não esclarece, nem explica por que tal se aplicaria a Che. Por aquilo que ele escreveu? Por aquilo que ele não chegou a fazer? Por pretender a revolução permanente? Por ter abandonado a família? Suspeita-se que Tunhas, e a sua trupe, estejam a imputar a Che a situação de Cuba actual: os atropelos aos direitos humanos, o totalitarismo, etc. A resposta encontra-se na palavra “secundaríssima”. A experiência do Che não é “secundaríssima” em relação a um Hitler – é incomensurável. Como a de Tunhas é em relação a um Salazar, ou a de Ratzinger em relação a Hitler. Pode justificar-se a caricatura de diversas formas: porque é uma brincadeira; porque importa dessacralizar os mitos, etc. Mas a justificação moral é a mais cínica delas todas. Tunhas é um cínico. Isso já sabíamos. É um cínico retrógado. Também não é novo. Um cínico sem vergonha – começa a ser agora evidente.
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