Assalto no aeroporto
Bruxelas é o paradigma europeu. Bruxelas é o retrato da Europa; o arquétipo da Europa burocrática. Melhor ainda, é a capital do excesso. O trânsito é excessivo; o movimento é excessivo; o dinheiro é excessivo. E onde o excesso mostra o seu real efeito é no aeroporto. Gigantesco, com milhares de pessoas diariamente. Pessoas dos mais variados pontos do mundo. É um vespeiro de tecnocratas e executivos. E não é com má intenção que lhe chamo vespeiro. É mesmo assim: os corpos que por lá se deslocam, se acontece colidirem com outros é para os matar, sepultar, irradicar. O típico europeu, com certeza. O aeroporto congrega o pânico do mundo; único sítio onde te pedem para descalçar os sapatos para os sondar numa máquina de detectar metais. Isto é progresso – prodigioso e imparável! Se tivesse que escolher uma palavra que simbolizasse o aeroporto de Bruxelas, seria eficiência. Nem por isso. Não é bem isso. Trata-se de tentação da eficiência. Sucede que o aeroporto é obeso; e na sua obesidade, ao invés de descontrair, contrai as artérias até mais não. Por isso, em vez de celeridade, temos filas monumentais nas quais ficamos durante tempos esquecidos porque o progresso equilibra-se com a paranóia e a eficiência com a obsessão.
(por acaso, a fotografia é do aeroporto de Warwick)
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