Estamos fodidos ou o paradoxo de Alice
Antes de me abalançar no quarto e último aspecto da crítica que pode ser dirigida a Negri e aos seus discípulos, não resisto a comentar o texto de Zé Neves sobre as perguntas e as respostas. Começando por dizer que, não sei se por ironia poética, o texto foi publicado duas vezes, exactamente o mesmo, ipsis verbis, mas num post com fotografia de pegadas evanescentes, ou então, de segue-me as pisadas na areia, ou então, por aqui passaram dinossáurios e noutro sem ilustração. Mas, nem sequer é esta necessária, dado que o texto, lá por ser encimado por imagem bucólica de veraneio (quase contraditório) não fica por isso mais claro.
Ficamos sem perguntas e sem respostas. Mas ficamos a saber que o problema da esquerda é questão de perguntas e respostas. Note-se, no entanto, que isto não é o problema da humanidade desde pelo menos Sócrates; isto é o problema da esquerda.
E é bem verdade que a direita não tem problemas destes. Por isso, as mais das vezes, sabe o quer e para onde quer ir. Por isso, quando faz perguntas já tem as respostas que pretende ver dadas. Talvez isso não seja muito revolucionário. Concordo que fazer perguntas para as quais as respostas estão dadas de antemão contém pouco de subversivo. E não me refiro a atentados terroristas ou golpes de estado. Mais simplesmente à subversão dos termos usuais em que as questões são colocadas. Porque, como dizia Wittgenstein, tudo aquilo que sabemos é aquilo para que temos palavras. Neste caso, palavras é o que não falta, sem que por isso fiquemos a saber mais. E nisto de perguntas e respostas, ter respostas para as quais não se tem perguntas, ou não ter perguntas para não ter respostas, não andam longe uma da outra. O texto do Zé, esclarece-nos a esse respeito, com um bom pedaço de prosa analítica que mais parece saído da loucura de Alice do País das Maravilhas. A propósito desta, acho que o Lewis Carroll responde ao Zé e às suas convulsas dúvidas.
Ficamos sem perguntas e sem respostas. Mas ficamos a saber que o problema da esquerda é questão de perguntas e respostas. Note-se, no entanto, que isto não é o problema da humanidade desde pelo menos Sócrates; isto é o problema da esquerda.
E é bem verdade que a direita não tem problemas destes. Por isso, as mais das vezes, sabe o quer e para onde quer ir. Por isso, quando faz perguntas já tem as respostas que pretende ver dadas. Talvez isso não seja muito revolucionário. Concordo que fazer perguntas para as quais as respostas estão dadas de antemão contém pouco de subversivo. E não me refiro a atentados terroristas ou golpes de estado. Mais simplesmente à subversão dos termos usuais em que as questões são colocadas. Porque, como dizia Wittgenstein, tudo aquilo que sabemos é aquilo para que temos palavras. Neste caso, palavras é o que não falta, sem que por isso fiquemos a saber mais. E nisto de perguntas e respostas, ter respostas para as quais não se tem perguntas, ou não ter perguntas para não ter respostas, não andam longe uma da outra. O texto do Zé, esclarece-nos a esse respeito, com um bom pedaço de prosa analítica que mais parece saído da loucura de Alice do País das Maravilhas. A propósito desta, acho que o Lewis Carroll responde ao Zé e às suas convulsas dúvidas.
And here Alice began to get rather sleepy, and went on saying to herself, in a dreamy sort of way, “Do cats eat bats? Do cats eat bats?” and sometimes “Do bats eat cats?”
for, you see, as she couldn’t answer either question,
it didn’t much matter which way she put it.
0 Comments:
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home