WCR - World Cynicism Report
O Relatório Mundial da Competitividade traz más notícias para Portugal. O nosso país, num ranking composto por 61 países, ocupa um modesto 43 lugar. Ultrapassados há muito pela Estónia, pela República Checa, pela Hungria, só para dar alguns exemplos de recentes desenvolvimentos notáveis, não nos resta mais do que rivalizar com a Jordânia, Polónia e Croácia.
As notícias para o mundo não são melhores. Apesar dos esforços da Índia e da China parece que nem em 2050 conseguem destronar os Estados Unidos do lugar de primeira potência económica a nível global. Outros aspectos, no entanto, surgem como dignos de atenção e mostram como a economia é uma ciência tão exacta quanto a sabedoria de um canalizador.
Lembram-se que ao dobrarmos os anos 90 se profetizava um mundo de tecnologias de ponta, de alto valor acrescentado e nichos de especialização. Alguns malucos e outros mais assisados prognosticaram terceiras vagas, terceiras vias, auto-estradas da informação e outros delírios cibernéticos como fazendo parte da inexorável revolução económica. Afinal o que nos diz o relatório da competitividade para os próximos 50 anos? Diz-nos que os factores promotores de crescimento das economias que já se encontram em ritmo acelerado de desenvolvimento (China, Índia, Brasil) são, nem mais nem menos, do que as matérias primas. É o alumínio, o petróleo, o aço, o amianto e outros que tais que pelos vistos fazem crescer as economias do novo século; não os hackers, as microsoftes ou a experimentação genética. O que nos leva à seguinte conclusão: a mão-de-obra não especializada não se tornou assim tão despicienda como se apregoava há 15 anos atrás; continuamos com grandes domínios de trabalho intensivo que surgem como o travejamento das grandes economias. Aliás, um dos objectivos do relatório é justamente dar aos empresários um guia onde possam encontrar mão-de-obra barata e desprotegida. Já para não falar da estranhíssima noção de governo que lags behind the economy, entendo-se por esta expressão que o governo é menos performativo do que a sua própria economia. Nesta situação surgem em destaque países como a Venezuela e Brasil – países que ultimamente têm tentado introduzir robustas reformas sociais para contrariar a situação de miséria generalizada em que uma crescente fatia da população se encontrava. Apesar de as suas economias estarem em franco crescimento – caso da Venezuela com 9.3% de crescimento real do PIB – ainda assim aparecem nos últimos lugares do ranking da competitividade. É verdade que a competitividade é um índice compósito que entra em linha de conta com dezenas de factores de natureza diversa. Todavia, fica a suspeita que a performance governativa possui um peso muito pouco negligenciável nos scores do índice. Assim talvez se explique como é que países como a Estónia e a Venezuela cuja diferença no crescimento do PIB não ultrapassa os 0,5% apareçam em lugares tão díspares como 20 para o primeiro e 61 para o segundo. É que a Estónia oferece um paraíso em termos de inexistência de impostos e um governo autoritário que estrangula à nascença qualquer protesto.
Finalmente, nada se faz sem trabalho. E a comprová-lo surge a admoestação de que na Índia 50 horas por semana é um part-time!
advertência: quanto à situação de Portugal, é preciso ver que este texto se encontra completamente enviesado porque atrás de nós surgem países como a Venezuela, o Brasil ou o México.
1 Comments:
Na mouche. Só gostava é de saber PARA QUEM é que um part-time na índia representa 50 horas de trabalho.
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