Tempo da matança
Uma das coisas que mais passa despercebida às análises macro-estruturais, do tipo marxista, do poder é as pequenas, múltiplas e intricadas micro-relações de poder que acontecem diariamente numa organização. Très foucaultien, mon ami! Não o que eu aqui quero é expressar o meu ódio, até desbocadamente, em relação aos filhos da puta que andam sob a asa das chefias. Quando os marxistas, de todos os teores e quilates, vêm com a conversa do patrão-empregado, esquecem esta verdade banal: entre o patrão e o empregado intrometem-se variadíssimas camadas de cabrões, chupistas, filhos dum corno, que fazem as delícias da arrogância e do despotismo nos seus ademanes estudados e chistes alambuzados com a própria baba. São estes que matam. Os patrões estão lá tão longe como o Sol está de Plutão. E todavia precisam deste exército de vermes, e vice versa, este exército de vermes vai-lhes comer à mãozinha enquanto arregaça a cuequinha ofertando reverentemente o traseirinho. Estas chefias intermédias, as que fazem o trabalho sujo aos ditos patrões, são autênticas cascavéis. São estes que asseguram o poder, as formas de sujeição e a sua delegação dentro da organização. São estes cabrões que inscrevem nas suas condutas diárias a distância hierárquica. São estes borregos que aproveitam todas as oportunidades para reafirmar o seu poder revestido de sobranceria e desrespeito.
Uma das estratégias mais correntes, e também mais caricatas, destes cornudos é anunciarem que não têm tempo. Nunca têm tempo! Estão sempre com mil afazeres e por conseguinte a atenção que podem dispensar tem que ser mendigada, esmolada, implorada. Aí atingem o seu reinado de glória! É aí que sentem a plenitude da sua autoridade; autoridade que não é racional, no sentido do barbudo de Heidelberga, mas simplesmente brutal, arrivista, despótica. A escassez do tempo é manobrada com mestria por estes aprendizes de feiticeiro da subjugação. Sabemos que o tempo entrou definitivamente nas nossas práticas – e entrou de forma asfixiante e manietadora. Não ter tempo é dizer que se está muito ocupado; não ter tempo para outra pessoa ou assunto é relegá-la para os confins da escala de prioridades. Não adoram os médicos rever-se nas suas listas de espera qual espelhos que devolvem a medida exacta do seu poder, o simétrico da escassez do seu saber?
Mesmo que estes merdas passem a vida a bater punhetas nos seus escritórios privados e individuais, só para afirmarem a distância que lhes merece os títulos, hão-de sempre dizer que não têm tempo. E nós, os outros, os que temos tempo, não temos posição para os mandar levar no cu.
Uma das estratégias mais correntes, e também mais caricatas, destes cornudos é anunciarem que não têm tempo. Nunca têm tempo! Estão sempre com mil afazeres e por conseguinte a atenção que podem dispensar tem que ser mendigada, esmolada, implorada. Aí atingem o seu reinado de glória! É aí que sentem a plenitude da sua autoridade; autoridade que não é racional, no sentido do barbudo de Heidelberga, mas simplesmente brutal, arrivista, despótica. A escassez do tempo é manobrada com mestria por estes aprendizes de feiticeiro da subjugação. Sabemos que o tempo entrou definitivamente nas nossas práticas – e entrou de forma asfixiante e manietadora. Não ter tempo é dizer que se está muito ocupado; não ter tempo para outra pessoa ou assunto é relegá-la para os confins da escala de prioridades. Não adoram os médicos rever-se nas suas listas de espera qual espelhos que devolvem a medida exacta do seu poder, o simétrico da escassez do seu saber?
Mesmo que estes merdas passem a vida a bater punhetas nos seus escritórios privados e individuais, só para afirmarem a distância que lhes merece os títulos, hão-de sempre dizer que não têm tempo. E nós, os outros, os que temos tempo, não temos posição para os mandar levar no cu.
2 Comments:
O que escreves aqui é belo e verdadeiro. O pamfleto é uma arte difícil e este, de certa forma, tem ecos do tratado do filho-da-puta, do alberto pimenta. Só a crítica do marxismo é que não me parece muito justa. É que é justamente as relações de produção capitalistas que abrem o espaço de possibilidade onde se inscreve a hierarquia de muitos degraus. Marx só desenhou o esqueleto, sem ter tido tempo de aperfeiçoar a dicotimia. Outros, como o Olin Wright, conceptualizaram as camadas de cabrões, chupistas e filhos de um corno. Tiveste a fineza de referir os cabrões e os filhos dos ditos, aqui chamados filhos de um corno, já com vistas para uma teoria da reprodução social.
Não sei se concordo com essa. mas isto era menos ambicioso. um simples desabafo, caramba. não tinha pretensões nem de teoria nem de metateoria. mas lá que é assim, lá isso ninguém me convence do contrário.
o que é que ele é? Acho que é um qualquer indigente, chefe.
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