A lógica da necessidade
O ataque desbragado a Mário Soares no post abaixo, coloca-me diversas interrogações ao nível do velho binómio “credibilidade” versus “necessidade”. Começo por achar estranho que a demonização feita pelo Bruno atinja um homem que seria apoiado na segunda volta para a presidência da república, caso ela tivesse existido, pelo BE. O que significa, de duas, uma: ou o homem é bom quando pode alcançar o poder; ou há diversas tendências dentro do BE. Se a primeira, então estamos confortavelmente no terreno da “necessidade”; se a segunda, estamos com os pés bem firmes no solo da “credibilidade”. Esta última, por sua vez, revela que é salutar existirem diversas tendências dentro de um partido, algo que é escalpelizado pelo artigo de Vitorino; e que quando elas não são visíveis, algo vai mal na capacidade que o partido tem de ser um espaço de discussão e de confronto de ideias.
Se o Bruno era marginal em relação à lógica da “necessidade”, constituindo por isso uma voz crítica dentro do BE, estava inteiramente no seu direito. Que a lógica da “necessidade” prevalecesse, só mostra que entre os planos ideais e a realpolitik não dista assim um grande espaço e que é este normalmente ocupado pela “força do momento”, chamemos-lhe assim. Essa mesma força que leva Sá Fernandes a aliar-se ao PS na Câmara de Lisboa, algo a que o Bruno se tem escusado, cautelosamente, a dar a sua opinião.
Alguém disse que a política era feita de compromissos. E nisso molda-se esta à vida que é, julgo eu, igualmente crivada de dilemas, de traições aos ideais, de colisões com a “força do momento” e de inércias diversas geradas pelo pragmatismo e pela percepção do devir. Julgo que, salvo alguns ascetas ou santos dos inícios do cristianismo, nos dias d’hoje, muito pouca gente se pode dar ao luxo de ser “descomprometida”. Mas esta condição é agudizada quando se trata da governabilidade, seja ela qual for, de uma organização ou de um parlamento. É claro que no plano trotskista do Bruno, o da revolução permanente, não há lugar para thermidorianos. Caberia, contudo, ao Bruno clarificar, o que veria ele, no caso português, em lugar do thermidor – um exercício de contra-factualidade, mas que ajuda a definir certos argumentos que são atirados com a virulência do descomprometimento histórico.
É claro que a esquerda “menos transigente” é aquela que mais afastada se encontra do poder.
Se o Bruno era marginal em relação à lógica da “necessidade”, constituindo por isso uma voz crítica dentro do BE, estava inteiramente no seu direito. Que a lógica da “necessidade” prevalecesse, só mostra que entre os planos ideais e a realpolitik não dista assim um grande espaço e que é este normalmente ocupado pela “força do momento”, chamemos-lhe assim. Essa mesma força que leva Sá Fernandes a aliar-se ao PS na Câmara de Lisboa, algo a que o Bruno se tem escusado, cautelosamente, a dar a sua opinião.
Alguém disse que a política era feita de compromissos. E nisso molda-se esta à vida que é, julgo eu, igualmente crivada de dilemas, de traições aos ideais, de colisões com a “força do momento” e de inércias diversas geradas pelo pragmatismo e pela percepção do devir. Julgo que, salvo alguns ascetas ou santos dos inícios do cristianismo, nos dias d’hoje, muito pouca gente se pode dar ao luxo de ser “descomprometida”. Mas esta condição é agudizada quando se trata da governabilidade, seja ela qual for, de uma organização ou de um parlamento. É claro que no plano trotskista do Bruno, o da revolução permanente, não há lugar para thermidorianos. Caberia, contudo, ao Bruno clarificar, o que veria ele, no caso português, em lugar do thermidor – um exercício de contra-factualidade, mas que ajuda a definir certos argumentos que são atirados com a virulência do descomprometimento histórico.
É claro que a esquerda “menos transigente” é aquela que mais afastada se encontra do poder.
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