Pergunta-me o Nuno quão ingénuo se pode ser. E depois explica-me que o “Não” à constituição europeia não foi uma vitória da esquerda. Esqueceu-se foi de explicar porquê, mas pelo que escreveu depreendo que para ele a esquerda não ganhou porque os que votaram “Não” fizeram-no por outros motivos, que não os que mobilizaram a esquerda Francesa e Holandesa. Talvez. Acredito que sim, mas não muda em nada o que escrevi. O “Não” foi uma vitória da esquerda porque travou um processo profundamente anti-democrático, de reforço da euro-neo-liberalização através da consolidação de uma oligarquia transnacional. Isto independentemente dos motivos que levaram as pessoas a votar “Não”. A luta política não acabou com o vitória do “Não”. Tão ou mais importante é lutar pela interpretação hegemónica dos resultados. É portanto necessário afirmar a vitória da esquerda contra os que lêem o “Não” como uma reacção nacionalista e xenófoba. Infelizmente a esquerda não percebeu a importância desta luta, e hoje a tese nacionalista parece ser a hegemónica.
Pergunta o Nuno porque é que não se referendam as constituições nacionais. Não sei como é que foi nos outros países, mas em Portugal foi eleita uma assembleia constituinte. Como devia ter sido feito na Europa, em vez de confiar a redacção a um directório chefiado por um personagem sinistro, exemplar acabado de oligarca corrupto europeu. É claro que a solução burocrático-autoritária escolhida faz parte da estratégia de subtracção democrática que tem sido consubstancial ao processo de construção europeia. O resultado é despolitizar a questão da União Europeia, forçando um consenso que mais não é do que um cheque em branco à oligarquia do poder.
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