Thursday, September 27, 2007

Santana Lopes versus José Mourinho

O título de Daniel Oliveira de um seu post sobre a atitude de Santana Lopes é daqueles que capta num relance toda uma cultura. E diga-se mais: é brilhante.
No entanto, Santana caiu mais uma vez na esparrela da comunicação social, que longe de se sentir vexada com tal chapada de luva branca, facilmente recicla o acontecimento vendendo-o como notícia apetecível. Poder-se-ia retirar uma lição ética deste happening, mas tal não acontece porque, paradoxalmente, ele serve à estação de televisão, e é por isso que ela própria tanto alarde dele faz.
Se isto maculasse a SIC, já muitas outras coisas o tinham feito. Lembro por exemplo Alberto Pimenta farto daquela merda a passar um responso à SIC que não estava para fazer fretes políticos ao Sr. Balsemão. Mudou algo no comportamento da SIC e dos seus jornalistas? Nada.
O mesmo se prevê que aconteça com Santana Lopes. Engolisse em seco ou batesse com a porta (metaforicamente) como aconteceu, os novos técnicos da comunicação possuem elixires mágicos que tudo curam. E o jornalista? Incólume, também. Estava apenas a fazer o seu trabalho, dirá; e que ninguém assuma que Santana é mais importante do que ver Mourinho a sair de um carro. Mourinho, pelo menos, seria com certeza o primeiro a concordar. Mas este comportamento não é avulso, porque nestas coisas da comunicação há sempre, como eles lhe chamam, um agenda setting. Podia ser traduzido como a sacanice do noticiário. Por exemplo, mal se vê que algum jornalista interrompesse uma entrevista com Mourinho para mostrar Santana Lopes a sair de um carro. Há prioridades jornalísticas que se pautam pelo mais justo interesse nacional.
Moral da história: o episódio da cadeira e fuga de Santana vai ser arquivado junto do episódio da incubadora. Santana vagueia num espaço nevoento, no qual perdeu o respeito da maioria daqueles que anteriormente o adulavam, e não consegue sequer recuperar a verve assassina que o caracterizou durante algum tempo (sobretudo no que toca a assassinar compositores). Lembram-se que os aduladores de Santana dele diziam que era um “animal político”? Parece que agora passou a animal da política, cão sarnento que não concita respeito nem de uma jornalista. Santana tentou bramir, mas sabemos que a cão doente toda a gente atira pedras.

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