A trama adensa-se
Uma coisa não pode ser negada: quem é que quer saber do 11 de Setembro quando há o caso Madeleine McCann? Este último ofuscou completamente os tenebrosos acontecimentos do 11 Setembro (note-se que “tenebrosos” é ironia). Porque bem mais tenebrosa é a expectativa que se gerou em torno do desfecho do caso Madie; e nem sequer é dos próprios factos, que ainda estão por apurar. Mas que a mente humana se alimenta de especulações, lá isso sim – é assim desde o sexo até ao sucesso profissional, não tendo nós ainda capacidade de distinguir onde começa um e acaba o outro.
O 11 de Setembro, o que foi? A derrocada de um prédio; uns gajos a voarem como se tivessem entregado a um paragliding suicidário naquela manhã aziaga, e muito fumo, nevoeiro, gritaria e sirenes. Já tínhamos visto isto, mais coisa menos coisa, na “torre do inferno”, o original, protagonizado por um inesquecível Paul Newman. Mas o caso McCann, esse é especialmente surpreendente. Nem tanto porque seja um caso, como tudo aponta, de infanticídio. Há-os às carradas, perdoem-me a frontal crueza. Porém, não costumam envolver um primeiro-ministro, um papa e um (o) advogado do Pinochet! Só isso já são ingredientes suficientes para fazer deste caso tão apetecível quanto insólito. Depois há ainda um padre que emprestava as chaves da igreja para a família ir rezar. Haja fé, porque sentir uma urgência repentina pela comunhão divina, na casa do senhor, a desoras, de tal forma que não se consiga esperar pelo dia seguinte, é de verdadeiro cristão. Mas lá que não é usual, lá isso não é.
Mesmo Diana, a que arrasta multidões no seu sunambulismo ecuménico, se encontra colocada em cheque perante os artificiosos McCann. Se Diana simbolizava, para os ingleses - mas não só - a bondade humana no seu estado não contaminado, os McCann representam a perfídia no seu paroxismo; um enredo de tal forma diabólico que nem os melhores romances de Thomas Harris conseguiriam emular. Porque conseguir planear um périplo pelo mundo, a suspirar por alvíceras da filha desaparecida, presumivelmente raptada e entregue à escravatura da pornografia infantil, enquanto se passeia o seu cadáver na mala de um renault cénic, é de completo, mas honesto, esquizofrénico. A última narrativa reza que os infortunados McCann teriam posto os filhos nos braços do morfeu com sedativos (por isso é que os gémeos não acordaram, mesmo com toda aquela algazarra) para irem gozar a vida numa daquelas quentes e aprazíveis noites algarvias. Só que a coisa correu mal, e um dos três filhos escorregou para o big sleep. Ai, meu deus, qué queu faço à vida? Acalma-te Maria, temos que pensar! Fuck you, what have you done? You and your stupid ideas, like that time you’ve decided to deep the parrot in oil to avoid it eating its own feathers! Why did I trust you and your mambo jambo: “Relax, I’m a doctor, I know what I’m doing”. Shut up, you bitch, you were the one that come up with the idea of leaving the kids with the priest. I should have known: Priests alone with kids, bring me the little children, it couldn’t end well! Ai a minha rica filhinha, qué que fomos fazer? E a partir daí começaram a urdir o plano mais diabólico da história dos casos de infanticídio. Não que um dos seus precedentes, o caso Joana, não tivesse levado a palma da atrocidade e do gore, com a cena dos porcos e do cadáver da miúda estraçalhado pelos animais, com os ossinhos espalhados pela porqueira como se fossem talos de couve. Ainda para mais quando se tratava de infanticído mais incesto. Mas este dos McCann, desde que a suspeita sobre eles recaiu, tornou-se potencialmente appaling – como não se cansam de dizer os jornais britânicos – porque desfere uma machadada nas convicções do público habituado ao pelourinho e à praça pública, mas também aos santos e beatificações. A este público, que conhece das coisas apenas as duas certezas do bom e do mau, não admira que o caso McCann se substitua tão repentinamente à imponente dualidade moral desse já longínquo 11 de Setembro.
O 11 de Setembro, o que foi? A derrocada de um prédio; uns gajos a voarem como se tivessem entregado a um paragliding suicidário naquela manhã aziaga, e muito fumo, nevoeiro, gritaria e sirenes. Já tínhamos visto isto, mais coisa menos coisa, na “torre do inferno”, o original, protagonizado por um inesquecível Paul Newman. Mas o caso McCann, esse é especialmente surpreendente. Nem tanto porque seja um caso, como tudo aponta, de infanticídio. Há-os às carradas, perdoem-me a frontal crueza. Porém, não costumam envolver um primeiro-ministro, um papa e um (o) advogado do Pinochet! Só isso já são ingredientes suficientes para fazer deste caso tão apetecível quanto insólito. Depois há ainda um padre que emprestava as chaves da igreja para a família ir rezar. Haja fé, porque sentir uma urgência repentina pela comunhão divina, na casa do senhor, a desoras, de tal forma que não se consiga esperar pelo dia seguinte, é de verdadeiro cristão. Mas lá que não é usual, lá isso não é.
Mesmo Diana, a que arrasta multidões no seu sunambulismo ecuménico, se encontra colocada em cheque perante os artificiosos McCann. Se Diana simbolizava, para os ingleses - mas não só - a bondade humana no seu estado não contaminado, os McCann representam a perfídia no seu paroxismo; um enredo de tal forma diabólico que nem os melhores romances de Thomas Harris conseguiriam emular. Porque conseguir planear um périplo pelo mundo, a suspirar por alvíceras da filha desaparecida, presumivelmente raptada e entregue à escravatura da pornografia infantil, enquanto se passeia o seu cadáver na mala de um renault cénic, é de completo, mas honesto, esquizofrénico. A última narrativa reza que os infortunados McCann teriam posto os filhos nos braços do morfeu com sedativos (por isso é que os gémeos não acordaram, mesmo com toda aquela algazarra) para irem gozar a vida numa daquelas quentes e aprazíveis noites algarvias. Só que a coisa correu mal, e um dos três filhos escorregou para o big sleep. Ai, meu deus, qué queu faço à vida? Acalma-te Maria, temos que pensar! Fuck you, what have you done? You and your stupid ideas, like that time you’ve decided to deep the parrot in oil to avoid it eating its own feathers! Why did I trust you and your mambo jambo: “Relax, I’m a doctor, I know what I’m doing”. Shut up, you bitch, you were the one that come up with the idea of leaving the kids with the priest. I should have known: Priests alone with kids, bring me the little children, it couldn’t end well! Ai a minha rica filhinha, qué que fomos fazer? E a partir daí começaram a urdir o plano mais diabólico da história dos casos de infanticídio. Não que um dos seus precedentes, o caso Joana, não tivesse levado a palma da atrocidade e do gore, com a cena dos porcos e do cadáver da miúda estraçalhado pelos animais, com os ossinhos espalhados pela porqueira como se fossem talos de couve. Ainda para mais quando se tratava de infanticído mais incesto. Mas este dos McCann, desde que a suspeita sobre eles recaiu, tornou-se potencialmente appaling – como não se cansam de dizer os jornais britânicos – porque desfere uma machadada nas convicções do público habituado ao pelourinho e à praça pública, mas também aos santos e beatificações. A este público, que conhece das coisas apenas as duas certezas do bom e do mau, não admira que o caso McCann se substitua tão repentinamente à imponente dualidade moral desse já longínquo 11 de Setembro.
1 Comments:
ORA...ORA... , O 24 HORAS DE ONTEM DIZIA QUE A RAPARIGA NA FACULDADE ERA UMA GANDA BALDAS...E NÃO ME REFIRO ÀS FALTAS... EHEHEHEEH.
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