Wednesday, September 12, 2007

Show bizz



Quando a rapariga da CNN remata uma sequência noticiosa com o enfático "that was the world today" podemos estar certos que ela se refere ao mundo according to America. Para o ilustrar, a mudança radical operada nos relatos dos jornalistas sobre o Iraque desde que Bush de lá regressou. Se, anteriormente, eram as vítimas, as condições de stress permanente, a falta de preparação e o cansaço dos soldados americanos que figuravam como temas de caixa, após o regresso de Bush, e a concomitante afirmação de continuidade da presença militar americana no Iraque, os temas focados pela CNN mudaram. Esta mudança faz-se sentir sobretudo na supressão do relato dramático e sua substituição pela narrativa da imprescindibilidade. Depois de Bush ter reiterado a necessidade de permanência das tropas, a CNN enveredou por um estilo FMI, ou seja, a situação não é famosa, mas é porque as reformas não foram implementadas o suficiente. Assim, apesar de, em pano de fundo, nos surgir a imagem de uma terra devastada, sem infra-estruturas de qualquer espécie, onde os soldados americanos se passeiam como extraterrestres no meio de burqas e de gilabas, o retrato que nos é dado da sua permanência é um misto de pedagogia com filantropia. Sem soldados americanos, as tropas oficiais não se organizavam; sem o treino militar oferecido pelas tropas americanas era impossível criar zonas de segurança, e sem a putativa pedagogia emocional com que estes bravos heróis prodigalizam as famílias iraquianas, estas não subsistiriam ao medo gerado pela ameaça permanente da Al-qaida. Apesar deste esforço concertado entre a administração Bush e os auspícios da maior cadeia de televisão mundial, os Iraquianos sabem, porque vivem realmente o dia-a-dia, que a ocupação americana é parte do problema e não da solução. Sem forças ocupantes seria provável que os ataques terroristas terminassem, que o pânico permanente de viver na eminência de um ataque bombista desaparecesse, e que as famílias iraquianas voltassem ao seu quotidiano, numa terra que pudessem chamar sua, segundo as suas regras e preferências.
Mas a CNN dá o mote e fornce a síntese: "foi o mundo hoje!". O Mundo "deles", mas com certeza que não "foi" o mundo dos iraquianos. Justamente porque:

Por que se admiram eles de apenas concitarem o ódio e o desprezo por esse mundo fora?



1 Comments:

Blogger ricardo said...

experiencia

3:34 PM  

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