Thursday, August 30, 2007

Nobody expects the Spanish Inquisition


Por que será que os nossos historiadores e intelectuais, se entretêm a justificar as ditaduras espanhola e portuguesa com noções de “brandos costumes” ou de destorções republicanas, quando a hipótese mais convincente seria a da remanescência das estruturas inquisitoriais? Mais, não seria muito rebuscado ver na inquisição a paternidade do fascismo e do seu sistema de delação compulsiva. Todavia, não é muito usual fazer esta associação, como por exemplo Arthur Miller fez entre as Bruxas de Salem e o MacCarthismo. A comparação quer para um quer para outro são praticamente intuitivas. Mas isso não nega que, fora do intuitivo, no terreno do questionamento racional, o possível nexo causal passe em silêncio, inadvertidamente atirado para um canto, considerado como pouco persuasivo, e sobretudo, inconveniente, por historiadores e intelectuais católicos.

Um outro salto lógico, seria identificar na inquisição os primórdios do totalitarismo, não apenas do fascismo totalitário ou de outras das suas formas mais atenuadas. A igreja católica, a maioria das vezes, não se sente à vontade com este tema. A inquisição é tida como uma página negra na história do grande desígnio de expandir a fé católica. Quanto a este aspecto, também não há muito que tenha sido escalpelizado em relação ao papel da inquisição na expansão colonial. Terão sido as suas asserções de “pureza de sangue” e de obrigatoriedade da “conversão” as prototípicas noções de pureza racial e missão civilizadora?

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