1.
Quando nos conhecemos apenas nos conhecíamos pelos dedos. Alguns animais aninhavam-se no nosso colo, especialmente pela manhã. Outras vezes vinham beber-nos a água nas nossas mãos em concha. Se os tínhamos baptizado? Julgo que sim, mas tenho alguma dificuldade em recordar-me dos nomes. Por vezes eram aves a quem designávamos com nomes decantados de tristeza e de solidão. Estes seres alados que nos acompanhavam pelos campos possuíam, provavelmente, os nomes mais harmoniosos; porém os mais difíceis de recordar e enumerar. Os répteis, esses conhecíamo-los de cor. Tínhamos por hábito guardar ciosamente a sua ambiguidade, os seus corpos coleantes – mas tudo isto já foi dito algures. O que era verdadeiramente importante, senão assombroso, é que os nosso répteis se transformavam por vezes em aves – esses seres alados -, mas foi-me sempre impossível nomeá-los.
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