Wednesday, November 07, 2007

Forza Itália!



Os italianos andam a descascar nos ciganos romenos. Por mais que nos cubramos de brios humanitários, que os tratemos por Roma, Romanichéis, e o diabo, a verdade é que quando aparecem muitos não há correcção lexical que nos valha. Frattini, o comissário, o homem dos direitos humanos da Comissão Europeia, o responsável pela liberdade e pela justiça, declarou que era fácil acabar com a depravação cigana: vai-se pelos campos improvisados, pergunta-se a um cigano onde é que ele vive, se não tiver residência fixa, deporta-se para a sua terra natal, a Roménia.
Dráculas e mais dráculas. Daqui do lado Ocidental, os dentes brancos de Frattini contrastam com os seus pensamentos negros. Um tributo a Eastwood e ao seu Black heart, white hunter. Do lado Roma, cigano, tzigan, ironia das ironias: o homem que foi apanhado pela polícia banhado em sangue é originário da Transilvânia! A terra dos vampiros continua a enviá-los em expedições sangrentas por esse mundo afora.
E agora o que faz a Itália? Toma medidas que nem Berlusconi cauciona. Tudo indica que o golpe seja publicitário, pois mesmo ao ladinho a Lega Nord, que fazia parte da coligação, range os dentes lembrando cinicamente o governo de Prodi que já o tinham avisado que a situação se tornara insustentável.
Mas qual situação? Os ciganos romenos são cidadãos europeus, como os dinamarqueses ou os limpos finlandeses. Que fazer quando assim acontece? Frattini possui a fórmula mágica que acaba com todas as chatices: vai-se pelos campos à cata de Roma, ciganos, tzigans, e pergunta-se “donde vens e para onde vais?”; sem resposta plausível, acto contínuo, deporta-se. Porque não vale a pena dizer “sou um cidadão europeu” – ninguém vai acreditar.

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