Et Tu Brunus
O Bruno fala em dessacralizar o poder. Primeiro é preciso localizar o poder e não confundir escaramuças de repartições públicas com o poder. Se por dessacralizar entendermos denunciar o poder na sua aparência benévola onde ele se exerce com a maior violência, então estamos totalmente de acordo. Todavia, julgo que a violência não é a de pôr um antigo deputado do PSD na prateleira. A violência, mistificada de opinião pública, encontra-se num conjunto de jornais que orquestram a ideia de que um tal acontecimento é um assomo grave de censura de um poder socialista desmandado e cruel – chegando ao absurdo das comparações com a ditadura salazarista -, ao mesmo tempo que encobre sibilinamente todas as violências que são perpetradas sobre o direito à greve ou sobre o direito ao trabalho ou sobre o direito à residência, para ficar apenas por três que me ocorrem de repente, bem longe de ser exaustivo.
Violento é haver uma coordenação de esforços para convencer as pessoas que vivemos em tempos de censura porque um tipo foi afastado, quando na verdade vivemos de facto em tempos de censura por muitas e outras razões. A violência do não-dito é por vezes mais sacralizadora do poder do que a bufice. Basta lembrar que a palavra impronunciável é o princípio do sagrado.
Violento é haver uma coordenação de esforços para convencer as pessoas que vivemos em tempos de censura porque um tipo foi afastado, quando na verdade vivemos de facto em tempos de censura por muitas e outras razões. A violência do não-dito é por vezes mais sacralizadora do poder do que a bufice. Basta lembrar que a palavra impronunciável é o princípio do sagrado.
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