Thursday, May 31, 2007

Ruído

Se existe virtude da era da comunicação global essa encontra-se com certeza na facilidade com que as opiniões se desdizem. O fluxo de informação tem estas pechas: como é efémero dificilmente apela para um julgamento retroactivo; como é excessivo, torna-se quase impossível o seu escrutínio. Assim posições que pareciam inabaláveis há anos atrás, são confortavelmente reformuladas, transformadas e esvaziadas a um ponto em que o rastro da opinião inicial se perde inexoravelmente. Por isso políticos e analistas podem dizer aquilo que lhes apetecer, que lhes convier, que mais se ajustar às circunstâncias que ninguém os responsabilizará por isso. Se isto se passa no domínio das acções, das quais decorrem efeitos mais paupáveis, o que dizer das palavras, que não as leva o vento, mas leva o ruído comunicacional? Este “ruído” não se cinge a um problema comunicativo; ele é sobretudo um problema moral.

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