Wednesday, November 14, 2007

Sex as will and representation


Ninguém levará a mal que as delicadas mãozinhas das modelos mais belas do mundo fiquem com os contornos gravados no bruto cimento do passeio da fama holliwodesco. No causará o mínimo constrangimento o facto de estas beldades nunca terem actuado na vida, mas mesmo assim terem honras de estrelas da sétima arte. Ninguém se surpreenderá, porque se por lá passaram canastrões como Tom Cruise ou Brad Pit, não será com certeza uma Heidi Klum que irá envergonhar o espólio cinematográfico que por ali se conserva. E todavia, ficamos com aquela sensação, aquela tristeza reservada, uma certa malaise, se quisermos, que nos diz que as belas modelos não mereciam tal efeméride.
Reconheço que os predicados das meninas da Victoria’s secrets não são fáceis de irmanar; que toda aquela pose cheia de lascívia, aqueles olhos semi-fechados num langor cúpido, as promessas entrevistas naqueles decotes rendilhados; ah, e as pernas estiradas em posição de repouso pós-cópula, ou mesmo de convite desabrido, em cima de mesas e outras peças de mobiliário, com sensuais ligas a pontuar sedosas pernas...Ui, Ui, se isto não é material para um Bergman, um Antonioni ou um Hawks, não sei o que será.
Tempos houve, é verdade, em que as razões para ajoelhar no cimento e deixar as imarcescíveis marcas digitais se prendiam com coisas como o sempiterno ósculo de Kirk Douglas nos lábios salgados de Deborah Kerr, ou com o arrazoado alcoólico de Brando ou com as piruetas acrobáticas de Fred Astaire, ou ainda, as expressões multifacetadas de Cary Grant. Exemplos não faltam. Somam-se a estes as tetas redondas e alvas das meninas da Vitória. E para quem já terá ajoelhado tantas e tantas vezes, mais uma não causará estranheza.

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