Saturday, December 01, 2007

Estadofobia


A constatação que nos deixa mais perplexos: os tipos que passam a vida a malhar no Estado, em blogs como o Blasfémias, o Atlântico, e nos seus blogs pessoais, vai-se a ver e trabalham para…o Estado. Ou melhor, recebem dinheiro do Estado. Seja em centros de investigação, seja em universidades, enquanto professores e assistentes, recolhem o seu pecúlio da teta estatal. Quando se esperaria que esta gente andasse a constituir empresas, a investir em capital produtivo, em provar diariamente que o Estado é o colosso que nos manipula, manieta, destrói a iniciativa e nos transforma em madraços irremíveis, não – anda tudo pendurado em empregos estatais ou financiados pelo mesmo. Quando se esperaria que desprezassem nem que fosse a ideia de ter que assinar um contrato com esse Moloch da vida contemporânea, que a mera hipótese de ser um assalariado desse esbulhador da iniciativa privada, os colocasse numa rigidez para além do rigor mortis, não – ele são bolsas do Estado, projectos do Estado, institutos do Estado…e até comissões políticas no Estado. Alguns, não contentes com a pequenez do Estado nacional, rumaram a outros estados de maior envergadura: os assessores da Comissão, instalados em Bruxelas e a dizer mal do…Estado.
Seria exagero dizer que vivem apenas do Estado. Claro que não, mas que disparate! O ordenados do Estado não chegam para o nível de vida que qualquer verdadeiro liberal que diz mal do Estado almeja. Têm duplos empregos, triplos, quádruplos; ganchos e dar uma mãozinha ali e aqui; fazem uns favores a uns amigos, escrevem um artigo para o compincha do jornal, ou da revista; e ganham uns royalties com as suas publicações.
E bem esperamos que quebrem as grilhetas dessa instituição malfeitora chamada Estado; mas por qualquer razão – força centrípeta de origem desconhecida, torvelinho inesperado nas águas plácidas do liberalismo – eles resistem. Por lá ficam a vogar como se não mais conseguissem encontrar a saída do reino dos mortos.
Incoerência? Só se for do Estado, que lhes devia fazer a vontade e dar-lhes a liberdade. Afinal, somos todos nós que pagamos para o seu encarceramento.

1 Comments:

Blogger JOSÉ LUIZ FERREIRA said...

Clap, clap, clap, clap. Aplaudo de pé, com ovação e com dez chamadas à boca de cena.

4:49 PM  

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