Thursday, July 06, 2006

Merdial de Futebol





Perdemos. Desta vez doeu demais. Morra o Scolari –PUM! Morra o árbitro –PIM! E a cabeça do Figo? Posta a prémio, seria seguramente o mínimo. Temo que já não valha nada, caro Dr. Ah, sim? E a BOLA é redonda, o mundo é redondo e a cabeça é redonda – isso não lhe diz nada? Com franqueza, não vejo onde quer chegar. Quero dizer: o que será do futebol do futuro?

Este mundial teve uma virtude, mostrar que, na senda da teoria dos sistemas, também o sistema futebol se encontra em declínio, degenerescência, senescência. Os jogos foram chatos (haverá outra palavra para aquilo?), sem surpresas, desmotivantes, irritantes. Jogos decididos a penalties; jogadores que forjam faltas como se a isso se lhes ativesse a mestria (o que nem é verdade) – mas foi uma constante deste mundial: jogos decididos pela arte de fingir.
Depois os árbitros, a tirar foras-de-jogo milimétricos, como se o futebol fosse ciência exacta que, por virtude da modelização, se pudesse tornar experimental. Modelos computorizados, rectas perfeitas (ridículo, num jogo em que por virtude do atrito e da ergonomia nunca se atirou uma bola que tomasse uma direcção recta – isto não é billhar, valha-nos Zeus) E aí está – a palavra! Aquilo parece científico; experimentação com grupo de controlo e tudo. Dá a impressão que tudo está estudado ao pormenor, as posições dos jogadores, como marcar ao homem, para onde se vira habitualmente o Ronaldo, como e quando arranca o Del Pierro, onde deve o Henry fabricar a falta, etc. Uma peça de teatro não necessita de tanto ensaio. Resultado: tudo previsível e jogos já não decididos por jogadas, mas por acidentes.

Outra desgraça: tanto perorou o Senghor pelo rendez vous entre o Ocidente e o resto que ele acabou mesmo por acontecer – e começou no futebol. Já não há futebol latino-americano. O Brasil joga como a França e a Argentina tem tanta imaginação como a Suécia. Nem toques bonitos, nem brinca na areia, nem dribles encantados – nada. E porquê? Porque ninguém arrisca. Uma equipa como a França marca um golo de penalty e fica um jogo todo à retranca para não sofrer golos. Ora isto é imoral. Onde está a virtus dos guerreiros, as vontades tímicas dos gregos, o Wille zur Macht nietzschiano? O dinheiro corrompeu-os! Os contratos publicitários milionários rebaixaram-nos! É vê-los correr no relvado como os homems sem coluna vertebral. Para que correm? Não há-de ser por nós com certeza.
Abaixo a França, viva Portugal!

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

o que eu estava procurando, obrigado

8:23 AM  

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