Friday, July 28, 2006

O Líbano de novo

Entre o cinismo sinistro de PP e a lucidez certeira de VM parece que ambos laboram no mesmo erro. Tanto um como outro julgam que Israel quer a paz. Israel é um estado bélico que vive à custa da guerra. É um estado onde as múltiplas gerações foram incorporadas militarmente e que, em virtude dessa experiência, nem se reconheceriam se de repente passassem à reserva territorial. Israel não quer a paz. O melhor que lhe pode acontecer é ter inimigos por todos os lados. Nisso, foi o mentor dos Estados Unidos e não o contrário, e ambos compreenderam como proceder enquanto estado bélico. Não por acaso, o campo de experimentação do seu belicismo é para ambos o Médio Oriente.
No seu brilhantismo retórico, PP justifica a política externa israelita pelo velho dilema entre a virtude e a necessidade. A segunda ganha e é por isso que, segundo PP, tanto a esquerda como a direita fazem exactamente as mesmas opções militares. Curioso, porque olhando para a política externa norte-americana ou inglesa dir-se-ia que o binómio se derreteu e fundiu numa unidade coerente. Também aqui as opções miltares e geoestratégicas da esquerda e da direita pouco diferem – e não por necessidade, obviamente.

Não seria melhor, o que parece decorrer da própria singularidade dos casos, começar a acreditar que não há, nestes países, diferenças entre a direita e a (pressuposta) esquerda tout court?

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