Charrua à frente dos bois
O caso charrua é um caso atípico. Não por causa dos seus contornos censurantes, mas pela indignação que suscitou, sobretudo na comunicação social. A dimensão do caso Charrua é tanto mais atípica quanto são incontáveis os processos de “emprateleiramento” – um neologismo que devia ser, quanto antes, adoptado em Portugal – da responsabilidade do PSD. Aliás, estes afastamentos compulsivos, para quem já não se lembra, foram uma constante das grandes purgas cavaquistas. Os efeitos dessas mesmas “substituições selectivas” ainda os estamos a viver actualmente. Acredito que a directora da DREN tenha métodos pouco ortodoxos para proceder ao “emprateleiramento”. Acredito igualmente que a anedota sobre o primeiro-ministro foi apenas o motivo, tanto cínico como conveniente, para afastar Charrua. E acredito também que Charrua colocava em cheque a autoridade da directora do PS. Da anedota, as versões variam: desde ter chamado filho da puta a Sócrates até, segundo o próprio Charrua alega, ter dito apenas a um colega para enviar uma licenciatura falsa e para o fazer por fax. O teor da anedota, como qualquer pessoa minimamente avisada percebe, é irrelevante. Fernando Charrua pertenceu ao grupo parlamentar do PSD no qual tinha por funções ser o representante para a ciência e a educação. É cristalino que Charrua não devia ser um bom osso de roer para a directora do PS. Mas também isso é secundário. O que impressiona neste caso é como é que Charrua consegue mobilizar jornais, blogues, rádios, comentadores, etc, etc, em torno do seu caso. A expressão “ditadura socialista” tem à sua conta feito uma carreira fulminante. A este propósito, convém lembrar que uma outra expressão, esta cunhada por Durão Barroso, hipnotizou os meios de comunicação que foram useiros e vezeiros na sua repetição. Falava-se então de “crime de cidadania”. Depois foi o que se viu.
1 Comments:
curiosamente, este governo é o que mais empenho mostra no combate ao que durão barroso chamou o "crime de cidadania".
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