The time is out of joint
Malta, borrifem-se no Tiepolo. Nós é que estamos a dar, segundo o David Lourenço Mestre. Diz ele que visitar o nosso blog é o mesmo que ir ao museu. Na verdade, é mais tipo museu de história natural do que museu de obras de arte, uma vez que ele nos compara a fósseis e a testemunhos do paleolítico. Pronto, é verdade que ele se escusa a dar argumentos para fazer de nós relíquias perdidas nas brumas da memória. Mas argumentos para quê? Na verdade, toda a gente percebe porquê e o David não precisa de explicar porque é que estamos fora do tempo. De acordo com Jacques Rivette, a evidência era a marca do génio em Howard Hawks. Neste caso, a evidência é a marca da mediocridade no David. Mediocridade preguiçosa, que procura a cumplicidade do senso comum maioritário. E que senso comum? O liberal, pois claro. Independentemente da validade ou da justiça das ideias, se elas não estão de acordo com a vulgata liberal (uma redundância, de resto) é porque não são modernas. Para estes gajos ser do seu tempo é defender as ideias que mais convêm aos senhores do capital e do império.
Mas numa coisa ele tem razão. Oponho-me ao capital, ao imperialismo e à honestidade. Esta última, sim, é uma novidade na acusação, que acolho com agrado. O agrado com que constatamos que afinal alguém nos compreendeu. Sempre achei que um dos grandes problemas à esquerda é a falta de oposição a valores e instituições que, sendo próprias do capitalismo e do parlamentarismo, não são suficientemente criticadas. A honestidade, na sua concepção burguesa, é uma delas. Bem como os tribunais. E o trabalho. E a família. De nada vale acabar com a propriedade privada se ficam de pé os sustentáculos institucionais e ideológicos da sociedade burguesa. Veja-se o que aconteceu na União Soviética.
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