Tens alguns dias de atraso
...e gosto. Por isso recomendo este livro que está na fotografia, deixando, obviamente, dois breves comentários. Por um lado, o livro perde-se a páginas 100 ou por esgotamento do tema ou porque a riquíssima imaginação do autor começa a perder fôlego – o que é uma pena. Esta perda de gás é no entanto resgatada pelo começo do livro que é uma pérola. Por outro lado, e isto tem pouco a ver com a qualidade literária, o livro é de certa maneira incerto no seu recorte geracional. O que quero dizer com isto é que o livro cai por vezes – muitas – em anacronismos geracionais. A verdade é que recorre em larga medida ao enquadramento nostálgico de usado por autores como Mário Zambujal, Baptista Bastos ou Dinis Machado, entre outros, contando peripécias de personagens incomuns, com nomes e alcunhas ainda mais insólitas, devedor de uma imagética herdada do Aniki Bóbó ou coisa que o valha. E talvez por isso não consigamos evitar a sensação de que o livro se encontra desfasado; que pretende recriar um tempo, um espírito geracional, num molde totalmente diverso. Personagens e características que não encontram reflexo no Portugal contemporâneo, ou então não surgem como as tipificações necessárias. Não por acaso a estória se passa numa aldeia no Alentejo, mas que simboliza Portugal. Será por isso que ainda é um resquício de literatura rural a adensar a falta de literatura, e escritores, propriamente urbanos que teima em persistir.
Quem vai na expectativa de um grande romance desiluda-se, porque ele não está lá.
De qualquer das maneiras, possui momentos de grande humor e a ideia central é suficientemente original para assestar uma pedrada no charco – o suicídio, parodiado e inventado, entre o abjeccionismo e o gozo e de escrita seca e très pós-moderna. Será Rui Martins o Jonathan Safran Foer português? A ber bamos.
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