Monday, August 06, 2007

Tens alguns dias de atraso

Se eu gostasse muito de ler


...e gosto. Por isso recomendo este livro que está na fotografia, deixando, obviamente, dois breves comentários. Por um lado, o livro perde-se a páginas 100 ou por esgotamento do tema ou porque a riquíssima imaginação do autor começa a perder fôlego – o que é uma pena. Esta perda de gás é no entanto resgatada pelo começo do livro que é uma pérola. Por outro lado, e isto tem pouco a ver com a qualidade literária, o livro é de certa maneira incerto no seu recorte geracional. O que quero dizer com isto é que o livro cai por vezes – muitas – em anacronismos geracionais. A verdade é que recorre em larga medida ao enquadramento nostálgico de usado por autores como Mário Zambujal, Baptista Bastos ou Dinis Machado, entre outros, contando peripécias de personagens incomuns, com nomes e alcunhas ainda mais insólitas, devedor de uma imagética herdada do Aniki Bóbó ou coisa que o valha. E talvez por isso não consigamos evitar a sensação de que o livro se encontra desfasado; que pretende recriar um tempo, um espírito geracional, num molde totalmente diverso. Personagens e características que não encontram reflexo no Portugal contemporâneo, ou então não surgem como as tipificações necessárias. Não por acaso a estória se passa numa aldeia no Alentejo, mas que simboliza Portugal. Será por isso que ainda é um resquício de literatura rural a adensar a falta de literatura, e escritores, propriamente urbanos que teima em persistir.
Quem vai na expectativa de um grande romance desiluda-se, porque ele não está lá.
De qualquer das maneiras, possui momentos de grande humor e a ideia central é suficientemente original para assestar uma pedrada no charco – o suicídio, parodiado e inventado, entre o abjeccionismo e o gozo e de escrita seca e très pós-moderna. Será Rui Martins o Jonathan Safran Foer português? A ber bamos.

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