Tuesday, January 08, 2008

O grande Satã

Chama-se a isto guerra de palavras. Só que não é exactamente assim. Os americanos estão cada vez mais desleixados. Foram atacados pela guarda republicana iraniana (e nós aqui bem sabemos como o confronto com a guarda republicana pode ser traumatizante – física e psicologicamente) que os abordou, literalmente (à abordagem!) no estreito de Ormuz. Ora nós não só sabemos tudo sobre a guarda republicana, nossa conterrânea, como sobre o estreito de Ormuz, onde andámos em tempos de antanho à sarrafada com o Turco Mameluco. Estes porém não são turcos, e detestam a mera menção a uma pressuposta genealogia. Na realidade, a navy norte-americana foi abordada por persas – povo que tem mais pergaminhos históricos e bem melhor cotados no mercado da história universal (já experimentou ir a Petrópolis? E a Isphaan? Então experimente).
Estava-se neste entrementes de choque civilizacional, a cumprir professias portanto, não arreda nem desgruda, diriam alguns mais dados ao vernáculo, quando eis que o persa iníquo vem pela calada, insinuando-se com a bonança dos ventos, e zás: toma lá acto hostil. Isto diz a CNN que é deus na terra e mafoma na umma (ou será a Aljazeera?). Mas dizia, surge um comandante da navy, iracundo, mas sem nunca perder a fleuma como convém aos comandantes de carreira anglo-saxónicos (a ira estava subentendida nos olhos) e diz que sem margem para dúvidas foram atacados; ou pelo menos, um tal acto, dentro da lógica da guerra preventiva, se não foi um ataque poderia ter sido, e é nesta cláusula dubitativa que devemos sustentar o novo exercício da guerra.
Pois bem, reza a história – a americana, porque da outra apenas conhecemos farrapos, desmentidos, justificações fragmentárias que ninguém em seu juízo perfeito aceitava face value (prima facie, como acharem melhor) – que umas lanchas da guarda republicana (eles lá ainda vão tendo lanchas para patrulhar a costa, nós tivemos que dar o cu – literalmente – para ter um submarino), mas perco-me, dizia portanto, que os contratorpedeiros norte-americanos foram abordados por lanchas da guarda republicana iraniana – prenúncio de conflito! Os iranianos, que são dados à porfia e têm maus fígados, pusseram-se a insultar os norte-americanos pela rádio. Ora chamando-os carniceiros ora acusando-os de falta de respeito pelos povos indígenas. Isto do insulto e da ameaça, foi dito pelo tal comandante que apareceu ontem à noite na CNN em pose de estadista, bismarkiana diríamos, a relatar os acontecimentos. Por azar só podemos fiar-nos nas palavras do dito comandante, porque por alguma contingência técnica, não havia gravações das tais ameaças rádio-comunicadas (um pouco como a caixa negra desaparecida do avião que se esfumou em bocadinhos em espaço aéreo norte-americano naquele aziago September eleven).
Porém, este encontro não ficou pelo insulto bárbaro e despropositado. Continuou o comandante a relatar que os tais malfadados (e igualmente mal fardados) guarda republicanos tinham atirado com umas caixas brancas para a água. Bombas! Minas de profundidade! Mas também aqui apenas podemos fazer profissão de fé das palavras do comandante, visto que a navy não se preocupou em investigar o que seriam essas caixas brancas. Podiam bem ser frigoríficos; sobras da última campanha de Valentim Loureiro em Gondomar. Carregados de coca-cola, pois então, em jeito de represália comercial: não queremos água suja do imperialismo! Ora toma!
Digam lá se, depois de tudo bem pesado e medido, era isto razão para o deflagrar de uma guerra contra os persas? A administração Bush está em pulgas para que assim seja.
Ou talvez não. Talvez seja tudo mais simples, descomplicado e singelo.

Los precios del petróleo subieron unos 30 centavos, a más de 98 dólares el barril, después del reporte de la CNN, con los analistas citando un mayor riesgo de interrupciones de cargamentos de crudo a lo largo de esta ruta clave.
Diz a Reuters...

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